Vivemos em uma época de forte descrença nos astros, mas ao mesmo tempo
nos divertimos com inúmeras páginas e memes que tornam o saber astrológico mais
tragável. A astrologia, no passado e ainda hoje acusada de fatalista,
castradora do individualismo e do livre-arbítrio humano, há alguns séculos tem sido
considerada uma superstição. Muitos acreditam que em momentos históricos como o
nosso a crença na astrologia não passa de um sintoma de regressão da
consciência, ou um sintoma de certas tendências sociológicas, como, por
exemplo, defendeu Theodor Adorno em seu ataque, ou melhor, análise, das colunas
astrológicas da década de 50.
Atualmente, em meio a um cenário de crise pandêmica, todo presságio ou
prospectiva é bem-vindo. Basta estarmos abertos a ouvir, visto que muitas
previsões anunciam inúmeros fatos políticos, econômicos e sociais em grande
medida escatológicos. Por que não ouvir o que os intérpretes dos astros têm a
dizer? A aceitação da existência de influências astrológicas atuando sobre os
seres humanos e a natureza tem milênios de idade. Podemos prescindir dela? Os
astros nos afetam, ou não?
Convido o leitor a acompanhar minha tentativa de traduzir e interpretar
a linguagem dos pontos luminosos no céu e suas implicações e correspondências
com a crise atual. Sobre a possibilidade de uma pandemia, os astrólogos alertaram:
os aspectos de tensão entre Mercúrio e Netuno ajudam a disseminar qualquer
vírus. E mais: uma grande conjunção, conhecida como Stellium, localizada entre
Saturno, Plutão e Júpiter em Capricórnio, sinaliza uma grande mudança nas estruturas
globais. Os ângulos feitos entre Júpiter e Netuno anunciam problemas de saúde
pública que não serão contidos, em razão do caráter expansivo de Júpiter. A
linguagem acima é técnica demais? Antes de começar a interpretar o mapa do céu é
preciso tentar traduzir a linguagem astrológica e oferecer ao leigo um sentido,
e ademais, assumir o desafio de conferir credibilidade à interpretação
astrológica. Bem, para entendermos as passagens dos planetas, precisamos saber
por onde eles passam e entender de onde parte a análise do astrólogo. Pensemos
em uma roleta de cassino em que algumas bolas são jogadas, as rodamos mais
lentamente, e as bolas param em casas numerais distintas. A roleta representa a
roda do zodíaco, e as bolas lançadas, a passagem dos planetas sobre as casas
numerais. Na roda do zodíaco, as casas numerais totalizam doze. Essas doze
casas são regidas pelos doze signos. Os planetas que transitam sobre o zodíaco
são planetas pessoais e transpessoais. Os planetas pessoais são Mercúrio,
Vênus, Marte, Júpiter e os luminares Sol e Lua. Os transpessoais, também conhecidos
como planetas geracionais, são Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Há ainda o
asteroide Quíron, os eixos nodais ou nodos lunares, a roda da fortuna, a
Vertex, e tantas outras aglutinações abordadas pelas distintas ramificações do
saber astrológico. Parte do metiê do astrólogo consiste em fazer e analisar os cálculos
dos horóscopos feitos a partir da observação do tracejo visto nos movimentos
dos planetas. Nos horóscopos de nascimento, conhecidos também como natividade,
mapa natal ou astral, os astrólogos costumam identificar os ângulos em que os planetas
se encontravam no céu esférico. Esses ângulos que os planetas fazem entre si e
os pontos zodiacais são conhecidos como aspectos. Os aspectos maiores são
conhecidos como conjunções. As ramificações astrológicas são muitas. Seus desmembramentos
condizem com a soma dos milhares de anos de sua teimosia e longevidade. Os
distintos contextos sociais, as inúmeras incorporações mitológicas, e as
teorias e técnicas, ofereceram à astrologia uma linguagem simbólica e análoga
que relaciona os movimentos dos astros aos seres terrestres. As variações de
paradigmas astrológicos podem ser mais facilmente compreendidas através da
(arbitrária) divisão entre Oriente e Ocidente. Alguns exemplos de ramos
orientais do conhecimento astrológico são a Jyotisha, ou astrologia védica, e a
x ng xiù, ī ou astrologia chinesa. A astrologia árabe ofereceu uma base importante
para chamada astrologia ocidental. Para além da dicotomia Ocidente-Oriente, a
astrologia maia se desenvolveu de maneira peculiar na América Central, e se
tornou mais conhecida em nossos tempos desde 2012. Quem não se lembra das
previsões maias para o ano do “fim do mundo”? No lado ocidental do planeta,
além do popular horóscopo diário dos signos solares, temos as escolas
astrológicas tradicionais e modernas, as quais podem se dividir em
astrocartografia, astrologia esotérica, medieval, cabalística, médica,
vocacional, empresarial, humanística, cármica, horária, eletiva, mundial, etc. As
principais ramificações presentes hoje são: a astrologia natal, que trata da
leitura do mapa no dia do nascimento; a astrologia judicial, que observa os
mapas do céu das nações; a astrologia natural, que liga cataclismos naturais,
como terremotos e tempestades, ao movimento dos planetas; a astrologia
agrícola, que ajudava no plantio e colheita; a astrologia médica, que relaciona
cada um dos planetas e signos com partes específicas da mente e do corpo; etc.
O aparente e atual interesse pela astrologia parece estar ligado à busca
da decifração do caráter individual das pessoas. Embora soe perversa ou
ingênua, essa atitude apressada e presunçosa tem conquistado cada vez mais
adeptos e garantido a sobrevivência da astrologia. Pontuar imperfeições ou
animar sinastrias amorosas parece ser a função da astrologia. A superficialidade
dessa perspectiva tem feito da astrologia um mero e divertido passatempo,
quando não fonte de piadas. No entanto, ao retomarmos a origem dessa sabedoria,
notamos que seu foco não era o indivíduo: a astrologia servia para adivinhar
eventos coletivos como pragas, secas e fome. Ela estava a serviço de governos e
impérios. Muitos prognósticos escatológicos e profecias apocalípticas foram
associadas às profecias cristãs durante o início da modernidade. Nesse momento da
história da astrologia vimos surgir a figura de Nostradamus, quem fundiu as
técnicas astrológicas às profecias sobre o futuro. Segundo historiadores,
Nostradamus era um péssimo astrólogo, pois cometia graves erros, tão grosseiros
que seus contemporâneos não o poupavam de chacotas. O objetivo de mencionar Nostradamus
é fazê-los entender que astrologia destoa da profecia. Muito provavelmente,
Nostradamus foi um vidente, um profeta, mas não um astrólogo. O saber
astrológico esteve a serviço das questões políticas e elaborava pareceres
regulares sobre possíveis acontecimentos vindouros, condições climáticas, doenças
epidêmicas e até questões militares dos países. A astrologia, que foi uma disciplina
obrigatória nas universidades por cerca de 200 anos, tinha um grande papel
político, interpretativo e visionário, mas não profético. O papel da profecia ficava
com os profetas. À astrologia cabia traçar as rotas dos astros e
interpretá-los. Agora que a historicidade da astrologia está mais clara para o
leitor, voltemos às previsões do terceiro parágrafo, no qual apresentei as
conjunções e passagens de planetas que demarcam a presente crise planetária. É
importante compreender que, quando falamos de crise global, partimos da
perspectiva da astrologia mundial. Sob a égide dessa astrologia, o tempo se
divide em períodos, ciclos planetários e eras. Ela concebe inúmeros ciclos astronômicos
e espirais cosmológicas, e estuda os eventos de uma maneira mais lenta, a
partir dos chamados “trânsitos lentos”. Nesse estudo se observa os planetas que
possuem uma orbe grande ao redor do sistema solar, ou seja, que demoram muito tempo
para retornar ao mesmo ponto da roda zodiacal. As observações são feitas a
partir dos trânsitos de Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Saturno demora 29 anos
para completar sua volta ao redor do sol. Urano, em torno de 84 anos. Netuno, 160
anos. Plutão, em média, 228. Os chamados “planetas lentos” são responsáveis
pela sinalização de eventos históricos capazes de atingir muitas gerações e
países. Os ciclos são vistos como ferramentas de processos evolutivos e
provedores de mudanças. Como tudo é cíclico dentro da grande espiral evolutiva,
a astrologia mundial fornece aos astrólogos um comparativo estatístico sobre a
repetição dos eventos. Todos os ciclos no tempo começam com Saturno, Kronos ou Capricórnio.
Nos equinócios de primavera e outono podemos ver o início da atuação dos
ciclos. A supracitada configuração do Stellium [1] em Capricórnio anuncia um
forte balanço nas estruturas, já sentido em outros momentos históricos. Nos
mapas estudados em dezembro de 2019 e janeiro de 2020, quando os casos de coronavírus
em Wuhan na China haviam sido anunciados, os astrólogos identificaram uma
concentração planetária de planetas lentos típica dos períodos de crise. Nos ciclos
planetários existem picos e vales. Os picos identificam momentos em que os
sentimentos da humanidade tendem para o otimismo, a esperança e o progresso, e
os vales, para o desânimo, a desesperança e o medo. O trabalho estatístico dos astrólogos
reside na análise e construção de gráficos que testemunhem a sincronia entre os
vales e as crises. Observemos os gráficos [2] abaixo para ver como o movimento
dinâmico dos picos e vales, também conhecido como onda cósmica, influencia a realidade
física e humana na Terra:
Os vales coincidem com grandes episódios críticos, como a Primeira
Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria. Nesses períodos
encontramos aspectos tensos entre os planetas. Se nosso estudo se aprofundasse
em outros momentos da história, veríamos o quanto a passagem dos ciclos
planetários ao longo dos signos e casas gerou impactos nos comportamentos e estruturas
sociais. Para o início do século XXI, o gráfico do movimento cíclico é o
seguinte:
A depressão entre 2020 a 2022 evidencia grande queda e marca um período
de enormes desafios, advindos da tensão entre certos aspectos [3] de Saturno,
Plutão e Júpiter. Essa tensão trará profundas transformações políticas e
econômicas. Quando os ciclos de Plutão e Saturno se encontram com elementos tensos
e desafiadores, há recorrentes catástrofes, empobrecimento massivo, dificuldades
financeiras, problemas de saúde coletiva, e muitas mortes. Além dos ciclos dos
planetas, temos o percurso dos eixos nodais e a passagem dos eclipses lunares e
solares, que geram e intensificam tensões. Os eclipses são como ondas que se
propagam e ativam aspectos harmônicos ou tensionados. A passagem da sombra de
um eclipse sobre certas zonas da Terra as afeta gradativamente. Ainda que a
ressonância dessa passagem afete em maior grau essas regiões, a força do
eclipse atinge todo o planeta. Um eclipse solar aconteceu no dia 26 de dezembro
de 2019, e sua sombra atingiu a Ásia, ou seja, a China. Os graus do eclipse
foram acionados por Marte, que potencializou uma energia tensa e expansiva que
determinou a proliferação de uma epidemia virótica pela Ásia. Posteriormente,
essa força foi sentida em outras partes do mundo. Uma segunda onda pode ter
sido acionada a partir de 21 de junho de 2020, quando outro eclipse solar
ocorreu, e novamente foi ampliado pelo planeta Marte. Outra vez sua sombra
passou pela Ásia, mas dessa vez, dizem os astrólogos, a tensão gerada pode ser
mais violenta, na medida em que Marte, nesse caso, está em Áries. Não farei a
análise detalhada, aspecto por aspecto, dessa interpretação, para não entediar
os marinheiros de primeira linha. A linguagem da astrologia soa mecânica demais
para os neófitos e curiosos. Friso novamente a importância do tipo de olhar astrológico
que lançamos, na medida em que não temos a pretensão de desenvolver uma
astrologia divinatória e profética. Minha abordagem trafega mais no campo da
interpretação das configurações planetárias e apontamentos sobre mudanças que virão,
do que no campo da previsão específica sobre eventos ou acontecimentos pontuais
do futuro. Faremos previsões gerais baseadas nos movimentos futuros do céu,
levando em conta eventos como os eclipses do Sol e da Lua, como também os aspectos
e trânsitos dos planetas nos mapas do céu. A partir de agora serei mais
interpretativa ao abordar o processo de mudanças que vem ocorrendo com os
ciclos planetários na conjuntura astral prevista para 2020-2022.
A transformação
As mais variadas linhas exotéricas e esotéricas têm apontado para o
surgimento do novo, de uma transformação, de uma desestruturação advinda do fim
da pandemia de corona. Os estudiosos sabem que as epidemias, guerras e
revoluções sempre desencadearam nas massas esperanças de renovação e crenças apocalípticas.
Na história e na astrologia podemos reconhecer certos fluxos contínuos de
acontecimentos que se repetem de forma cíclica. Na história, temos
periodizações de curto, médio e longo prazo. Na astrologia, as grandes
extensões de tempo podem ser concebidas por meio do conceito de era, ligado ao
ciclo da precessão dos equinócios. Através da precessão dos equinócios, entendemos
as mudanças de eras. Quem nunca ouviu falar da tão esperada “Age of Aquarius”
dos anos 60? Nos últimos dois mil anos, o ponto vernal [4] transitou pela
constelação do signo de Peixes. Na medida em que retrocede, com a precessão dos
equinócios, o ponto vernal adentra a constelação de Aquário, e começa a tão
pregada Era de Aquário. Pois bem, mas o que isso representa, e o que o
coronavírus tem a ver com isso? Certamente, um novo ajuste. Dolorosos ajustes.
Ajustes e transformações necessárias para entrada desse longo ciclo astrológico
que entendemos como era. Percebemos que o coronavírus tem colocado o mundo de
cabeça para baixo devido ao seu poder de proliferação, propagação, contágio e
letalidade. Expôs o despreparo da quase totalidade de países em preveni-lo e combatê-lo,
desorganizando a economia e criando um caos social. O que fazer quando as
mortes (por vezes de familiares), a fome e a mendicância nos jogam no olho do
furacão? Estamos sendo levados por uma correnteza de desespero, medo e fuga.
Todos os ciclos astrológicos apresentam períodos de crise e anunciam o inicio
da ruína daquilo que não pode mais ser.
O início
Todo início nasce da ruína. Aquilo que não pode mais ser deixa uma
semente-possibilidade para um novo início. É o velho novo, pois os ciclos se
repetem constantemente. Todos os vales têm seus pontos máximos de declínios,
mas no olho do furacão é possível ver a saída. A individual e coletiva descida
periódica aos vales clama por elevação. Para subirmos precisamos reinventar e, muitas
vezes, caminhar novos caminhos. Todos os ciclos alcançam um mesmo ponto, e
sobem um grau, promovendo inícios e iniciações. Seja qual for o início ou
iniciação, a batalha e a dor são iminentes. A iniciação não é algo prazeroso,
pois ela liquida o que pertence ao passado. Transforma e prepara. Saturno e Plutão
iniciam em 2020 um processo de mudanças nas estruturas sociais e econômicas do
mundo. Esse processo de libertação daquilo que não pode mais ser vai promover
sofrimento, e esse sofrer vai cada vez mais nos afetar e nos fragilizar. Essa sensibilidade
nos faz ouvir o que jamais ouvimos. A sensibilidade nos deixa mais sutis e
silenciosos, e a voz da intuição pode ser finalmente ouvida. Astrologicamente
falando, o poder da intuição é governado pelo planeta Urano e pelo signo de
Aquário. Na Era de Aquário, o desejo de romper com a tradição e com as regras autoritárias
vão impulsionar a ânsia de exercer livremente a própria iniciativa. Muitas
saídas que virão com as crises e abalos promovidos pela conjunção Júpiter,
Saturno e Plutão em Capricórnio, em 2020, terão um forte teor aquariano.
Saturno está relacionado à fome, recessão, pobreza, à população mais idosa, aos
defeitos e à infraestrutura. Já Aquário é regido pelo Planeta Urano, e algumas
características principais desse planeta são a independência e a superação. A
entrada de Saturno em Aquário vai trazer inovações e descobertas. Isso soa como
uma esperança de provável descoberta tecnológica que possa desenvolver
mecanismos mais eficazes de combate ao coronavírus. A presença de Saturno em
Aquário pode vir a representar também transformações sociais e ações cada vez
mais coletivas. Mas Saturno em Aquário vai ser realmente transformador de
estruturas em 2021 e 2022, quando quadrar com Urano. Quando Saturno em Aquário
fizer uma quadratura com Urano em Touro, teremos momentos de forte retração
econômica, um processo de desaceleração econômica e início de mudança de
valores. Essa desestruturação pode trazer novas formas de produção e consumo, e
um repensar coletivo de valores e tendências, inclusive econômicas. Nesse
período, é fundamental que a humanidade amplie, fortaleça e intensifique o
impulso da intuição. Porque a intuição há de tomar o lugar da razão como
tribunal mais elevado do ser humano. Isso ajudará, e muito!, a solução dos
problemas que a humanidade enfrenta hoje. Saturno regendo a responsabilidade, e
Aquário regendo o coletivo, podem juntos intensificar as medidas revolucionárias
e inovadoras que se intensificarão a partir de 2021.
O aprendizado
As diferentes eras podem ser comparadas a períodos escolares. Em uma
escola comum, há certas coisas que os estudantes devem aprender em cada série,
assim como em cada era existem certas coisas que a humanidade deve aprender.
Não podemos fugir do treinamento. Não adianta ver novamente o nascer do sol nem
virar o leme na direção contrária ao curso do tempo: os inúmeros ciclos
forçaram o curso necessário. Devemos ter a coragem de assumir nossas próprias
convicções e seguir nossas inspirações mais profundas. A dança da natureza é
uma dança cíclica que nos move para frente e para cima. Essa dança é conduzida
por uma lei que nunca retrocede. Os fluxos de renovação forjados por esses
ciclos nos fortalecem para uma maior liberdade, criatividade, coragem, e
consciência de si mesmos. Os indivíduos não serão mais silenciados e subjugados
pelos outros. Desejaremos ser livres para determinar o que pensamos, o que
acreditamos, para onde iremos, e o que faremos. Estaremos livres para quê? Para
prescrever o novo? As estruturas já estão sendo quebradas. Dessa quebra irá
emergir mendicância, loucura, fome, violências, e suicídios. Saberemos conviver
com tudo isso? Sairemos vivos ou lúcidos? Ficaremos parados sobre os escombros,
apenas sobrevivendo das migalhas deixadas por um passado mal resolvido, ou
construiremos uma nova maneira de viver? Se as estruturas e valores forem quebrados,
como já vem acontecendo com Urano em Touro, o regente dos valores, estaremos
livres para um novo processo de criação? Se os deuses do velho mundo estiverem
fracos ou mortos, seremos capazes de girar por nossa própria conta? Por que é
preciso recriar? O humano é um ser evolutivo. Andando sobre as cinzas do passado,
ele sempre recria, reformula, desenvolve. Os milênios nos permitiram conservar
o necessário ao longo dos sucessivos ciclos da nossa caminhada até aqui. As
regras e conjunto de leis humanas que regram as sociedades, “salvaram” a
humanidade de pensar por si mesma, e isso causou atrofias gravíssimas em nosso poder
criativo, raciocínio, e principalmente em nossa capacidade de resolver
problemas. Não podemos fugir da responsabilidade de assumir as rédeas da vida e
dos espaços que ocupamos! Somos veículos eternos e precisamos entender e
desenvolver ainda mais nossas capacidades. Os sinais graves do nosso tempo se acentuaram.
Sempre foi assim e seguirá sendo, pois ainda temos necessidades básicas demais
a serem alcançadas, e muitas dúvidas e desafios nos rondam. O aprendizado mora
no entendimento ena consciência de que precisamos assumir nossa capacidade de melhorar
moralmente e buscar pequenos grupos de valores similares nos quais possamos nos
apoiar, cooperar e construir realidades. “Se uma pessoa comanda 600 homens e
comete um erro, esse erro se repete 600 vezes. Mas se cada pessoa pensa por si
mesma, ao menos cada erro é cometido uma só vez” [5]. Essa máxima aquariana
clama por autonomia. A renovação da Era de Aquário soa descomedidamente utópica?
Se pelos quatro cantos de um planeta infectado por um vírus os astrólogos têm
anunciado que o coronavírus é apenas um pedaço de meteoro em meio a outros
meteoros que ainda estão por vir, o futuro parece bem terrível. Se a astrologia
não faz sentido algum, por que você leu esse texto até o final?
Independentemente de sua resposta, seja mais flexível e menos presunçoso. Como
dizem os astrólogos, os astros inclinam, mas nunca determinam nada. Dilua sua
ignorância, e convide o erro que pode te conduzir ao acerto. Precisamos deixar de
ser símios imitadores. Aprender a ter coragem e a lutar pelo que somos. Quantos
vírus serão ainda necessários para que entendamos de uma vez por todas que
precisamos experimentar e inventar ainda muitas coisas, mergulhar ainda mais
nas profundezas da transformação, e superar a ignorância de não entender quem
verdadeiramente somos?
* * *
[1] O Stellium acontece quando três ou mais planetas se encontram aglomerados
em uma mesma casa astrológica ou signo.
[2] GOUCHON, Henry. Índice Cíclico, a tempestade que se aproxima em 2020.
Disponível em:
<https://constelar.com.br/astrologia-mundial/previsoes/indice-ciclico-atempestade/>
Acessado em 10 de maio de 2020.
[3] Geralmente os aspectos são formados entre dois planetas, embora haja
aspectos entre qualquer planeta e as casas angulares (ascendente, descendente,
meio do céu e fundo do céu). Os aspectos são divididos em duas categorias:
maiores ou menores, e harmoniosos ou tensos. Os aspectos tensos (quadraturas e
oposições) causam atritos entre os temas dos planetas envolvidos. Tais atritos
podem se traduzir em bloqueios, dificuldades, problemas e desarmonias diversas.
[4] O ponto vernal (ou ponto de Áries) é o ponto ocupado pelo sol no equador
celeste no equinócio de primavera do hemisfério norte, isto é, quando o sol
cruza o equador vindo do hemisfério sul (geralmente em 22 de março de cada
ano). Sendo assim, o ponto vernal acontece quando o sol, movendo-se pela
eclíptica, atinge o ponto de intersecção no equador celeste e anuncia o
equinócio de primavera.
[5] Elsa M. Glover. The Aquarian Age. 1987.
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