domingo, 20 de janeiro de 2019

Viajar



Flor de moringa, Aracati-CE
Você como turista ou viajante, educa seu olhar, aprende com aqueles ali vivem ou concentra-se nos grandes monumentos? Repara os pequenos seres que vivem no lugar, como as flores, as formigas e os besouros? Quando saímos do nosso habitat o novo ou totalmente novo se instaura em nossos sentidos. A diferença se estabelece e nós como forasteiros temos ficar atentos ao convívio amigo com seres que vão surgir. Infelizmente, já vi e até mesmo fui uma espécie de predadora feroz que ao chegar em lugar desconhecido me comportei como se o mundo me pertencesse, sendo servida, e mal dizendo: bom dia. Eu estava ali por mim. O que aprendi afinal? Nada. Nada vi, nada percebi naquele momento além de mim mesma. Não ouvi a não ser o meu velho e enfadonho eu. Não observei como uma criança que tenta entender o mundo. Não olhei com amor o mundo como muitos idosos olham. Nada aprendi. Mas a mudança é uma esperança. Hoje nas viagens que faço sempre me lembro que posso ser mais que uma predadora feroz. As chaves passaram a ser: observe, escute, veja e ame. Todo o encontro é uma oportunidade de moldar-se, de reformular, de aprender com outro. Do que adianta viajar e permanecer o mesmo? Se o que buscamos muitas vezes é conhecer, conviver ou simplesmente descansar e ficar tranquilo. E todas essas ações que nos impulsionam e nos dão ferramentas para mudar.  Lembro-me de um filosofo que gostava na adolescência que ajuda a pensar e conduzir minha conduta nas viagens. as antes de citá-lo quero acrescentar algo que venho aprendendo. A possibilidade de escolher viagens pedagógicas. Viagens que saiam dos grandes roteiros, viagens onde não exploramos tanto os trabalhadores mais humildes, viagens sem grande luxo, viagens colaborativas e amigáveis. Viagens que me proporcionem aprender mais com outro.

Depois de tanto tempo entendi Sêneca com toda sensatez falar sobre as viagens:   "Pensas que só a ti isso sucedeu; admiras-te, como se fosse um caso raro, de após uma tão grande viagem e uma tão grande variedade de locais visitados não teres conseguido dissipar essa tristeza que te pesa na alma!? Deves é mudar de alma, não de clima. Ainda que atravesses a vastidão do mar, ainda que, como diz o nosso Vergílio, as costas, as cidades desapareçam no horizonte, os teus vícios seguir-te-ão onde quer que tu vás. Do mesmo se queixou um dia alguém a Sócrates: «Porquê admirar-te da inutilidade das tuas viagens,» - foi a resposta, - «se para todo o lado levas a mesma disposição? A causa que te aflige é exatamente a mesma que te leva a partir!»e facto, em que pode ajudar a mudança de local, ou o conhecimento de novas paisagens e cidades? Toda essa agitação carece de sentido. Andares de um lado para o outro não te ajuda em nada, porque andas sempre na tua própria companhia. Tens de alijar o peso que tens na alma; antes disso não há terra alguma que te possa dar prazer! 
Temos de viver com essa convicção: não nascemos destinados a nenhum lugar particular, a nossa pátria é o mundo inteiro! (Sêneca. Cartas à Lucílio)
Dona Fátima indígena potiguara.
Um encontro e aprendizado.
Com ela ouvi sobre os espíritos da mata.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

As influências astrais em tempos de coronavírus

  Vivemos em uma época de forte descrença nos astros, mas ao mesmo tempo nos divertimos com inúmeras páginas e memes que tornam o saber astr...