quinta-feira, 3 de junho de 2021

As influências astrais em tempos de coronavírus

 

Vivemos em uma época de forte descrença nos astros, mas ao mesmo tempo nos divertimos com inúmeras páginas e memes que tornam o saber astrológico mais tragável. A astrologia, no passado e ainda hoje acusada de fatalista, castradora do individualismo e do livre-arbítrio humano, há alguns séculos tem sido considerada uma superstição. Muitos acreditam que em momentos históricos como o nosso a crença na astrologia não passa de um sintoma de regressão da consciência, ou um sintoma de certas tendências sociológicas, como, por exemplo, defendeu Theodor Adorno em seu ataque, ou melhor, análise, das colunas astrológicas da década de 50.

Atualmente, em meio a um cenário de crise pandêmica, todo presságio ou prospectiva é bem-vindo. Basta estarmos abertos a ouvir, visto que muitas previsões anunciam inúmeros fatos políticos, econômicos e sociais em grande medida escatológicos. Por que não ouvir o que os intérpretes dos astros têm a dizer? A aceitação da existência de influências astrológicas atuando sobre os seres humanos e a natureza tem milênios de idade. Podemos prescindir dela? Os astros nos afetam, ou não?

Convido o leitor a acompanhar minha tentativa de traduzir e interpretar a linguagem dos pontos luminosos no céu e suas implicações e correspondências com a crise atual. Sobre a possibilidade de uma pandemia, os astrólogos alertaram: os aspectos de tensão entre Mercúrio e Netuno ajudam a disseminar qualquer vírus. E mais: uma grande conjunção, conhecida como Stellium, localizada entre Saturno, Plutão e Júpiter em Capricórnio, sinaliza uma grande mudança nas estruturas globais. Os ângulos feitos entre Júpiter e Netuno anunciam problemas de saúde pública que não serão contidos, em razão do caráter expansivo de Júpiter. A linguagem acima é técnica demais? Antes de começar a interpretar o mapa do céu é preciso tentar traduzir a linguagem astrológica e oferecer ao leigo um sentido, e ademais, assumir o desafio de conferir credibilidade à interpretação astrológica. Bem, para entendermos as passagens dos planetas, precisamos saber por onde eles passam e entender de onde parte a análise do astrólogo. Pensemos em uma roleta de cassino em que algumas bolas são jogadas, as rodamos mais lentamente, e as bolas param em casas numerais distintas. A roleta representa a roda do zodíaco, e as bolas lançadas, a passagem dos planetas sobre as casas numerais. Na roda do zodíaco, as casas numerais totalizam doze. Essas doze casas são regidas pelos doze signos. Os planetas que transitam sobre o zodíaco são planetas pessoais e transpessoais. Os planetas pessoais são Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e os luminares Sol e Lua. Os transpessoais, também conhecidos como planetas geracionais, são Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Há ainda o asteroide Quíron, os eixos nodais ou nodos lunares, a roda da fortuna, a Vertex, e tantas outras aglutinações abordadas pelas distintas ramificações do saber astrológico. Parte do metiê do astrólogo consiste em fazer e analisar os cálculos dos horóscopos feitos a partir da observação do tracejo visto nos movimentos dos planetas. Nos horóscopos de nascimento, conhecidos também como natividade, mapa natal ou astral, os astrólogos costumam identificar os ângulos em que os planetas se encontravam no céu esférico. Esses ângulos que os planetas fazem entre si e os pontos zodiacais são conhecidos como aspectos. Os aspectos maiores são conhecidos como conjunções. As ramificações astrológicas são muitas. Seus desmembramentos condizem com a soma dos milhares de anos de sua teimosia e longevidade. Os distintos contextos sociais, as inúmeras incorporações mitológicas, e as teorias e técnicas, ofereceram à astrologia uma linguagem simbólica e análoga que relaciona os movimentos dos astros aos seres terrestres. As variações de paradigmas astrológicos podem ser mais facilmente compreendidas através da (arbitrária) divisão entre Oriente e Ocidente. Alguns exemplos de ramos orientais do conhecimento astrológico são a Jyotisha, ou astrologia védica, e a x ng xiù, ī ou astrologia chinesa. A astrologia árabe ofereceu uma base importante para chamada astrologia ocidental. Para além da dicotomia Ocidente-Oriente, a astrologia maia se desenvolveu de maneira peculiar na América Central, e se tornou mais conhecida em nossos tempos desde 2012. Quem não se lembra das previsões maias para o ano do “fim do mundo”? No lado ocidental do planeta, além do popular horóscopo diário dos signos solares, temos as escolas astrológicas tradicionais e modernas, as quais podem se dividir em astrocartografia, astrologia esotérica, medieval, cabalística, médica, vocacional, empresarial, humanística, cármica, horária, eletiva, mundial, etc. As principais ramificações presentes hoje são: a astrologia natal, que trata da leitura do mapa no dia do nascimento; a astrologia judicial, que observa os mapas do céu das nações; a astrologia natural, que liga cataclismos naturais, como terremotos e tempestades, ao movimento dos planetas; a astrologia agrícola, que ajudava no plantio e colheita; a astrologia médica, que relaciona cada um dos planetas e signos com partes específicas da mente e do corpo; etc.

O aparente e atual interesse pela astrologia parece estar ligado à busca da decifração do caráter individual das pessoas. Embora soe perversa ou ingênua, essa atitude apressada e presunçosa tem conquistado cada vez mais adeptos e garantido a sobrevivência da astrologia. Pontuar imperfeições ou animar sinastrias amorosas parece ser a função da astrologia. A superficialidade dessa perspectiva tem feito da astrologia um mero e divertido passatempo, quando não fonte de piadas. No entanto, ao retomarmos a origem dessa sabedoria, notamos que seu foco não era o indivíduo: a astrologia servia para adivinhar eventos coletivos como pragas, secas e fome. Ela estava a serviço de governos e impérios. Muitos prognósticos escatológicos e profecias apocalípticas foram associadas às profecias cristãs durante o início da modernidade. Nesse momento da história da astrologia vimos surgir a figura de Nostradamus, quem fundiu as técnicas astrológicas às profecias sobre o futuro. Segundo historiadores, Nostradamus era um péssimo astrólogo, pois cometia graves erros, tão grosseiros que seus contemporâneos não o poupavam de chacotas. O objetivo de mencionar Nostradamus é fazê-los entender que astrologia destoa da profecia. Muito provavelmente, Nostradamus foi um vidente, um profeta, mas não um astrólogo. O saber astrológico esteve a serviço das questões políticas e elaborava pareceres regulares sobre possíveis acontecimentos vindouros, condições climáticas, doenças epidêmicas e até questões militares dos países. A astrologia, que foi uma disciplina obrigatória nas universidades por cerca de 200 anos, tinha um grande papel político, interpretativo e visionário, mas não profético. O papel da profecia ficava com os profetas. À astrologia cabia traçar as rotas dos astros e interpretá-los. Agora que a historicidade da astrologia está mais clara para o leitor, voltemos às previsões do terceiro parágrafo, no qual apresentei as conjunções e passagens de planetas que demarcam a presente crise planetária. É importante compreender que, quando falamos de crise global, partimos da perspectiva da astrologia mundial. Sob a égide dessa astrologia, o tempo se divide em períodos, ciclos planetários e eras. Ela concebe inúmeros ciclos astronômicos e espirais cosmológicas, e estuda os eventos de uma maneira mais lenta, a partir dos chamados “trânsitos lentos”. Nesse estudo se observa os planetas que possuem uma orbe grande ao redor do sistema solar, ou seja, que demoram muito tempo para retornar ao mesmo ponto da roda zodiacal. As observações são feitas a partir dos trânsitos de Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Saturno demora 29 anos para completar sua volta ao redor do sol. Urano, em torno de 84 anos. Netuno, 160 anos. Plutão, em média, 228. Os chamados “planetas lentos” são responsáveis pela sinalização de eventos históricos capazes de atingir muitas gerações e países. Os ciclos são vistos como ferramentas de processos evolutivos e provedores de mudanças. Como tudo é cíclico dentro da grande espiral evolutiva, a astrologia mundial fornece aos astrólogos um comparativo estatístico sobre a repetição dos eventos. Todos os ciclos no tempo começam com Saturno, Kronos ou Capricórnio. Nos equinócios de primavera e outono podemos ver o início da atuação dos ciclos. A supracitada configuração do Stellium [1] em Capricórnio anuncia um forte balanço nas estruturas, já sentido em outros momentos históricos. Nos mapas estudados em dezembro de 2019 e janeiro de 2020, quando os casos de coronavírus em Wuhan na China haviam sido anunciados, os astrólogos identificaram uma concentração planetária de planetas lentos típica dos períodos de crise. Nos ciclos planetários existem picos e vales. Os picos identificam momentos em que os sentimentos da humanidade tendem para o otimismo, a esperança e o progresso, e os vales, para o desânimo, a desesperança e o medo. O trabalho estatístico dos astrólogos reside na análise e construção de gráficos que testemunhem a sincronia entre os vales e as crises. Observemos os gráficos [2] abaixo para ver como o movimento dinâmico dos picos e vales, também conhecido como onda cósmica, influencia a realidade física e humana na Terra:


Os vales coincidem com grandes episódios críticos, como a Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria. Nesses períodos encontramos aspectos tensos entre os planetas. Se nosso estudo se aprofundasse em outros momentos da história, veríamos o quanto a passagem dos ciclos planetários ao longo dos signos e casas gerou impactos nos comportamentos e estruturas sociais. Para o início do século XXI, o gráfico do movimento cíclico é o seguinte:




A depressão entre 2020 a 2022 evidencia grande queda e marca um período de enormes desafios, advindos da tensão entre certos aspectos [3] de Saturno, Plutão e Júpiter. Essa tensão trará profundas transformações políticas e econômicas. Quando os ciclos de Plutão e Saturno se encontram com elementos tensos e desafiadores, há recorrentes catástrofes, empobrecimento massivo, dificuldades financeiras, problemas de saúde coletiva, e muitas mortes. Além dos ciclos dos planetas, temos o percurso dos eixos nodais e a passagem dos eclipses lunares e solares, que geram e intensificam tensões. Os eclipses são como ondas que se propagam e ativam aspectos harmônicos ou tensionados. A passagem da sombra de um eclipse sobre certas zonas da Terra as afeta gradativamente. Ainda que a ressonância dessa passagem afete em maior grau essas regiões, a força do eclipse atinge todo o planeta. Um eclipse solar aconteceu no dia 26 de dezembro de 2019, e sua sombra atingiu a Ásia, ou seja, a China. Os graus do eclipse foram acionados por Marte, que potencializou uma energia tensa e expansiva que determinou a proliferação de uma epidemia virótica pela Ásia. Posteriormente, essa força foi sentida em outras partes do mundo. Uma segunda onda pode ter sido acionada a partir de 21 de junho de 2020, quando outro eclipse solar ocorreu, e novamente foi ampliado pelo planeta Marte. Outra vez sua sombra passou pela Ásia, mas dessa vez, dizem os astrólogos, a tensão gerada pode ser mais violenta, na medida em que Marte, nesse caso, está em Áries. Não farei a análise detalhada, aspecto por aspecto, dessa interpretação, para não entediar os marinheiros de primeira linha. A linguagem da astrologia soa mecânica demais para os neófitos e curiosos. Friso novamente a importância do tipo de olhar astrológico que lançamos, na medida em que não temos a pretensão de desenvolver uma astrologia divinatória e profética. Minha abordagem trafega mais no campo da interpretação das configurações planetárias e apontamentos sobre mudanças que virão, do que no campo da previsão específica sobre eventos ou acontecimentos pontuais do futuro. Faremos previsões gerais baseadas nos movimentos futuros do céu, levando em conta eventos como os eclipses do Sol e da Lua, como também os aspectos e trânsitos dos planetas nos mapas do céu. A partir de agora serei mais interpretativa ao abordar o processo de mudanças que vem ocorrendo com os ciclos planetários na conjuntura astral prevista para 2020-2022.

A transformação

As mais variadas linhas exotéricas e esotéricas têm apontado para o surgimento do novo, de uma transformação, de uma desestruturação advinda do fim da pandemia de corona. Os estudiosos sabem que as epidemias, guerras e revoluções sempre desencadearam nas massas esperanças de renovação e crenças apocalípticas. Na história e na astrologia podemos reconhecer certos fluxos contínuos de acontecimentos que se repetem de forma cíclica. Na história, temos periodizações de curto, médio e longo prazo. Na astrologia, as grandes extensões de tempo podem ser concebidas por meio do conceito de era, ligado ao ciclo da precessão dos equinócios. Através da precessão dos equinócios, entendemos as mudanças de eras. Quem nunca ouviu falar da tão esperada “Age of Aquarius” dos anos 60? Nos últimos dois mil anos, o ponto vernal [4] transitou pela constelação do signo de Peixes. Na medida em que retrocede, com a precessão dos equinócios, o ponto vernal adentra a constelação de Aquário, e começa a tão pregada Era de Aquário. Pois bem, mas o que isso representa, e o que o coronavírus tem a ver com isso? Certamente, um novo ajuste. Dolorosos ajustes. Ajustes e transformações necessárias para entrada desse longo ciclo astrológico que entendemos como era. Percebemos que o coronavírus tem colocado o mundo de cabeça para baixo devido ao seu poder de proliferação, propagação, contágio e letalidade. Expôs o despreparo da quase totalidade de países em preveni-lo e combatê-lo, desorganizando a economia e criando um caos social. O que fazer quando as mortes (por vezes de familiares), a fome e a mendicância nos jogam no olho do furacão? Estamos sendo levados por uma correnteza de desespero, medo e fuga. Todos os ciclos astrológicos apresentam períodos de crise e anunciam o inicio da ruína daquilo que não pode mais ser.

O início

Todo início nasce da ruína. Aquilo que não pode mais ser deixa uma semente-possibilidade para um novo início. É o velho novo, pois os ciclos se repetem constantemente. Todos os vales têm seus pontos máximos de declínios, mas no olho do furacão é possível ver a saída. A individual e coletiva descida periódica aos vales clama por elevação. Para subirmos precisamos reinventar e, muitas vezes, caminhar novos caminhos. Todos os ciclos alcançam um mesmo ponto, e sobem um grau, promovendo inícios e iniciações. Seja qual for o início ou iniciação, a batalha e a dor são iminentes. A iniciação não é algo prazeroso, pois ela liquida o que pertence ao passado. Transforma e prepara. Saturno e Plutão iniciam em 2020 um processo de mudanças nas estruturas sociais e econômicas do mundo. Esse processo de libertação daquilo que não pode mais ser vai promover sofrimento, e esse sofrer vai cada vez mais nos afetar e nos fragilizar. Essa sensibilidade nos faz ouvir o que jamais ouvimos. A sensibilidade nos deixa mais sutis e silenciosos, e a voz da intuição pode ser finalmente ouvida. Astrologicamente falando, o poder da intuição é governado pelo planeta Urano e pelo signo de Aquário. Na Era de Aquário, o desejo de romper com a tradição e com as regras autoritárias vão impulsionar a ânsia de exercer livremente a própria iniciativa. Muitas saídas que virão com as crises e abalos promovidos pela conjunção Júpiter, Saturno e Plutão em Capricórnio, em 2020, terão um forte teor aquariano. Saturno está relacionado à fome, recessão, pobreza, à população mais idosa, aos defeitos e à infraestrutura. Já Aquário é regido pelo Planeta Urano, e algumas características principais desse planeta são a independência e a superação. A entrada de Saturno em Aquário vai trazer inovações e descobertas. Isso soa como uma esperança de provável descoberta tecnológica que possa desenvolver mecanismos mais eficazes de combate ao coronavírus. A presença de Saturno em Aquário pode vir a representar também transformações sociais e ações cada vez mais coletivas. Mas Saturno em Aquário vai ser realmente transformador de estruturas em 2021 e 2022, quando quadrar com Urano. Quando Saturno em Aquário fizer uma quadratura com Urano em Touro, teremos momentos de forte retração econômica, um processo de desaceleração econômica e início de mudança de valores. Essa desestruturação pode trazer novas formas de produção e consumo, e um repensar coletivo de valores e tendências, inclusive econômicas. Nesse período, é fundamental que a humanidade amplie, fortaleça e intensifique o impulso da intuição. Porque a intuição há de tomar o lugar da razão como tribunal mais elevado do ser humano. Isso ajudará, e muito!, a solução dos problemas que a humanidade enfrenta hoje. Saturno regendo a responsabilidade, e Aquário regendo o coletivo, podem juntos intensificar as medidas revolucionárias e inovadoras que se intensificarão a partir de 2021.

O aprendizado

As diferentes eras podem ser comparadas a períodos escolares. Em uma escola comum, há certas coisas que os estudantes devem aprender em cada série, assim como em cada era existem certas coisas que a humanidade deve aprender. Não podemos fugir do treinamento. Não adianta ver novamente o nascer do sol nem virar o leme na direção contrária ao curso do tempo: os inúmeros ciclos forçaram o curso necessário. Devemos ter a coragem de assumir nossas próprias convicções e seguir nossas inspirações mais profundas. A dança da natureza é uma dança cíclica que nos move para frente e para cima. Essa dança é conduzida por uma lei que nunca retrocede. Os fluxos de renovação forjados por esses ciclos nos fortalecem para uma maior liberdade, criatividade, coragem, e consciência de si mesmos. Os indivíduos não serão mais silenciados e subjugados pelos outros. Desejaremos ser livres para determinar o que pensamos, o que acreditamos, para onde iremos, e o que faremos. Estaremos livres para quê? Para prescrever o novo? As estruturas já estão sendo quebradas. Dessa quebra irá emergir mendicância, loucura, fome, violências, e suicídios. Saberemos conviver com tudo isso? Sairemos vivos ou lúcidos? Ficaremos parados sobre os escombros, apenas sobrevivendo das migalhas deixadas por um passado mal resolvido, ou construiremos uma nova maneira de viver? Se as estruturas e valores forem quebrados, como já vem acontecendo com Urano em Touro, o regente dos valores, estaremos livres para um novo processo de criação? Se os deuses do velho mundo estiverem fracos ou mortos, seremos capazes de girar por nossa própria conta? Por que é preciso recriar? O humano é um ser evolutivo. Andando sobre as cinzas do passado, ele sempre recria, reformula, desenvolve. Os milênios nos permitiram conservar o necessário ao longo dos sucessivos ciclos da nossa caminhada até aqui. As regras e conjunto de leis humanas que regram as sociedades, “salvaram” a humanidade de pensar por si mesma, e isso causou atrofias gravíssimas em nosso poder criativo, raciocínio, e principalmente em nossa capacidade de resolver problemas. Não podemos fugir da responsabilidade de assumir as rédeas da vida e dos espaços que ocupamos! Somos veículos eternos e precisamos entender e desenvolver ainda mais nossas capacidades. Os sinais graves do nosso tempo se acentuaram. Sempre foi assim e seguirá sendo, pois ainda temos necessidades básicas demais a serem alcançadas, e muitas dúvidas e desafios nos rondam. O aprendizado mora no entendimento ena consciência de que precisamos assumir nossa capacidade de melhorar moralmente e buscar pequenos grupos de valores similares nos quais possamos nos apoiar, cooperar e construir realidades. “Se uma pessoa comanda 600 homens e comete um erro, esse erro se repete 600 vezes. Mas se cada pessoa pensa por si mesma, ao menos cada erro é cometido uma só vez” [5]. Essa máxima aquariana clama por autonomia. A renovação da Era de Aquário soa descomedidamente utópica? Se pelos quatro cantos de um planeta infectado por um vírus os astrólogos têm anunciado que o coronavírus é apenas um pedaço de meteoro em meio a outros meteoros que ainda estão por vir, o futuro parece bem terrível. Se a astrologia não faz sentido algum, por que você leu esse texto até o final? Independentemente de sua resposta, seja mais flexível e menos presunçoso. Como dizem os astrólogos, os astros inclinam, mas nunca determinam nada. Dilua sua ignorância, e convide o erro que pode te conduzir ao acerto. Precisamos deixar de ser símios imitadores. Aprender a ter coragem e a lutar pelo que somos. Quantos vírus serão ainda necessários para que entendamos de uma vez por todas que precisamos experimentar e inventar ainda muitas coisas, mergulhar ainda mais nas profundezas da transformação, e superar a ignorância de não entender quem verdadeiramente somos?

* * *

[1] O Stellium acontece quando três ou mais planetas se encontram aglomerados em uma mesma casa astrológica ou signo.

[2] GOUCHON, Henry. Índice Cíclico, a tempestade que se aproxima em 2020. Disponível em:

<https://constelar.com.br/astrologia-mundial/previsoes/indice-ciclico-atempestade/> Acessado em 10 de maio de 2020.

 

[3] Geralmente os aspectos são formados entre dois planetas, embora haja aspectos entre qualquer planeta e as casas angulares (ascendente, descendente, meio do céu e fundo do céu). Os aspectos são divididos em duas categorias: maiores ou menores, e harmoniosos ou tensos. Os aspectos tensos (quadraturas e oposições) causam atritos entre os temas dos planetas envolvidos. Tais atritos podem se traduzir em bloqueios, dificuldades, problemas e desarmonias diversas.

[4] O ponto vernal (ou ponto de Áries) é o ponto ocupado pelo sol no equador celeste no equinócio de primavera do hemisfério norte, isto é, quando o sol cruza o equador vindo do hemisfério sul (geralmente em 22 de março de cada ano). Sendo assim, o ponto vernal acontece quando o sol, movendo-se pela eclíptica, atinge o ponto de intersecção no equador celeste e anuncia o equinócio de primavera.

[5] Elsa M. Glover. The Aquarian Age. 1987.




 

domingo, 20 de janeiro de 2019

A revolução disfarçada de jardinagem

Eco camping Flor de Moringa

A quase dois anos ou mais venho lendo de maneira descomprometida e nada sistemática sobre Permacultura. Não lembro ao certo como conheci, acredito que através de um amigo. A descoberta sobre o tema surgiu devido a vontade de saber mais sobre as hortas caseiras nos centros urbanos. Das hortas caseiras veio a leitura sobre uma prática sustentável e as bioconstruções. A ideia de você cultivar sua própria comida e não  ficar completamente refém do consumo, me trouxe ainda mais interesse em conhecer o que era, afinal, a permacultura. Bem, da horta à permacultura foram vários caminhos, caminhos que perpassam os impactos da sociedade industrial a real crise ambiental, a loucura da sociedade de consumo e  "a permacultura como a 'revolução' disfarçada de jardinagem."  A pratica de viver dos recursos locais em uma profunda interação e coletividade humana é revolucionária. Os estudos e práticas da Permacultura entendem o funcionamento do ecossistema, da produção, do consumo, do reúso e da reciclagem local. Com a Permacultura educamos nossos olhares para descobrir na natureza a nossa volta o que ela pode oferecer para o uso da coletividade. A permacultura é uma filosofia que trabalha com e não contra a natureza. Ela estabelece em nossa rotina diária, hábitos e costumes de vida simples e ecológicos por meio de uma integração direta e equilibrada com o meio ambiente. A inserção  dos métodos e os princípios da Permacultura podem contribuir para planejar e manejar a paisagem urbana, trazendo a natureza para praças, parques e jardins. 



Na recente visita ecopedagógica com o grupo Mandala consegui perceber e aprender como o reaproveitando de materiais simples, a altura de muitos quintais,  junto com a sinergia das mãos comuns pode construir uma forma sustentável de hortas e moradias com base nas bioconstruções. O senso de coletividade alimenta a sobrevivência da Permacultura.  Sobre essas práticas há muito o que dizer, mudar e aprender. Só posso almejar expansão e vida loga a Permacultura.

Finalizo esse pequeno relato com uma citação  do "pai" da permacultura Bill Mollison:  "A maior mudança que temos que fazer é ir de consumo para produção, mesmo que numa pequena escala em nossos jardins. Daí a futilidade de revolucionários sem jardins, que dependem do próprio sistema que atacam, que produzem palavras e balas, mas não comida e abrigo" 
Eco Aldeia flecha da mata- CE


Viajar



Flor de moringa, Aracati-CE
Você como turista ou viajante, educa seu olhar, aprende com aqueles ali vivem ou concentra-se nos grandes monumentos? Repara os pequenos seres que vivem no lugar, como as flores, as formigas e os besouros? Quando saímos do nosso habitat o novo ou totalmente novo se instaura em nossos sentidos. A diferença se estabelece e nós como forasteiros temos ficar atentos ao convívio amigo com seres que vão surgir. Infelizmente, já vi e até mesmo fui uma espécie de predadora feroz que ao chegar em lugar desconhecido me comportei como se o mundo me pertencesse, sendo servida, e mal dizendo: bom dia. Eu estava ali por mim. O que aprendi afinal? Nada. Nada vi, nada percebi naquele momento além de mim mesma. Não ouvi a não ser o meu velho e enfadonho eu. Não observei como uma criança que tenta entender o mundo. Não olhei com amor o mundo como muitos idosos olham. Nada aprendi. Mas a mudança é uma esperança. Hoje nas viagens que faço sempre me lembro que posso ser mais que uma predadora feroz. As chaves passaram a ser: observe, escute, veja e ame. Todo o encontro é uma oportunidade de moldar-se, de reformular, de aprender com outro. Do que adianta viajar e permanecer o mesmo? Se o que buscamos muitas vezes é conhecer, conviver ou simplesmente descansar e ficar tranquilo. E todas essas ações que nos impulsionam e nos dão ferramentas para mudar.  Lembro-me de um filosofo que gostava na adolescência que ajuda a pensar e conduzir minha conduta nas viagens. as antes de citá-lo quero acrescentar algo que venho aprendendo. A possibilidade de escolher viagens pedagógicas. Viagens que saiam dos grandes roteiros, viagens onde não exploramos tanto os trabalhadores mais humildes, viagens sem grande luxo, viagens colaborativas e amigáveis. Viagens que me proporcionem aprender mais com outro.

Depois de tanto tempo entendi Sêneca com toda sensatez falar sobre as viagens:   "Pensas que só a ti isso sucedeu; admiras-te, como se fosse um caso raro, de após uma tão grande viagem e uma tão grande variedade de locais visitados não teres conseguido dissipar essa tristeza que te pesa na alma!? Deves é mudar de alma, não de clima. Ainda que atravesses a vastidão do mar, ainda que, como diz o nosso Vergílio, as costas, as cidades desapareçam no horizonte, os teus vícios seguir-te-ão onde quer que tu vás. Do mesmo se queixou um dia alguém a Sócrates: «Porquê admirar-te da inutilidade das tuas viagens,» - foi a resposta, - «se para todo o lado levas a mesma disposição? A causa que te aflige é exatamente a mesma que te leva a partir!»e facto, em que pode ajudar a mudança de local, ou o conhecimento de novas paisagens e cidades? Toda essa agitação carece de sentido. Andares de um lado para o outro não te ajuda em nada, porque andas sempre na tua própria companhia. Tens de alijar o peso que tens na alma; antes disso não há terra alguma que te possa dar prazer! 
Temos de viver com essa convicção: não nascemos destinados a nenhum lugar particular, a nossa pátria é o mundo inteiro! (Sêneca. Cartas à Lucílio)
Dona Fátima indígena potiguara.
Um encontro e aprendizado.
Com ela ouvi sobre os espíritos da mata.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Juntas somos mais

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Ontem fui surpreendida com um olhar.  Em um espaço normal como supermercado tudo que eu esperava era acabar de fazer o que tinha para fazer ali. Em meio as prateleiras e produtos fui surpreendida com um olhar nada gentil. Recebo esse tipo de olhar de mulheres mais velhas, normalmente. Agora, o que despertou minha atenção é que o olhar vinha de uma moça que tinha cabelos levemente azuis e tatuagens pelo corpo. E esse tipo de estereótipo já me diz: uma moça de boas, feminista, uma das minhas.
Passou, continuei nas compras e eu fiquei pensando naquele olhar agressivo. Poucos minutos depois houve um novo encontro, na secção de doces, eu estava com minha filha e sobrinha e elas insistiam para ganhar um kinder ovo, enquanto isso a moça se aproxima com sua irmã, acho. E disse: - eu não entendo como alguém pode comprar isso para os filhos.  Fixando seu olhar em minha direção. E eu me perguntei? Isso foi para mim?! Se sim? Para que isso! Pensei. E disse: - Mana, eu concordo com você.  E ela saiu sem apresentar nem um sinal de dialogo. Avistei umas duas vezes ainda durante as compras, e seu olha não mais se direcionava ao meu. 
Ao voltar para casa fiquei me perguntando o porquê de tanto ranço no olhar daquela moça. Eu nem a conhecia. Não teria “tomado” um namorado dela. Muitas vezes, mulheres se odeiam por esse absurdo motivo. Sendo assim, fiquei com a pergunta. Por que aquela moça agiu daquela forma? O que há de errado? Talvez ela quisesse me ensinar alguma coisa que ela julgava saber mais. Ou era soberba mesmo.
Passados alguns dias, o acontecimento com a moça ainda ecoava perguntas. Comecei a pensar o quanto nós mulheres estamos tão distantes uma das outras. E que essa casualidade é um exemplo de como não somos empáticas. Estamos a todo tempo armadas para uma competição? Melhor que a rincha sem motivo, seria um sorriso que diz: ei, mana estamos juntas! Não somos uma ameaça, não precisamos competir. Essa lógica de rivalidade é uma prática perversa do passado.  Issso me levou a pensar: Você irmã não é uma ameaça. Ameaça mesmo é a violência contra nós dentro dos lares, ameaça é ser assediada por um chefe, ameaça é a oportunidade retirada. E ainda ameaça é quando o Estado se nega a fazer uma lavagem após um aborto clandestino. Em mundo cheio de ameaças o que nos cabe é reconhecer que estamos em desvantagem. E que mais que nunca precisamos unir e integrar.

O brilho do mundo é nosso. A outra jamais vai tirar teu brilho. Juntas conquistamos mais.  Quando deixaremos de ataques pelo olhar, pela fala, pelos posts?  Compartilha tua voz, teu sorriso, teus braços com aquelas que ao abrir os ouvidos e te ouvir vão sentir perfeitamente o que você está sentindo. Somos irmãs na dor. Desconstruimos essa lógica perversa que desitegraga, compete e separa e passemos mais a cooperar, compartilhar, abraçar e criar redes de apoio e afeto entre nós. 

Voto ou não voto?



Embora não tenha a intenção, por ora, de fazer uma retrospectiva de ano, o princípio de um fim gera algo quase incontrolável de contabilizar os dias que faltam para o “novo” e o “inesperado”. Mesmo que o inesperado já se configure como bem esperado e nada brilhante. Cabe assim fazer um movimento retrogrado de um ano confuso e desajustador de algumas certezas. O primeiro desses grandes desajustes foi a lição de que certas certezas que pareciam ser inabaláveis são uma grande piada de mal gosto.  Há como confiar na certeza? Uma vez que haja a dúvida é prudente nunca confiar plenamente na certeza como disse Descartes um dia. Saindo do bê-á-bá cartesiano, na verdade acreditei ter calcado boas bases que não dessem margens para dúvidas a minha estrutura libertária. Mas, nesses tempos tempestuosos os mares que banham o Brasil fez agitar muitas ondas e a mais perigosa delas, foi e é: a onda conservadora.  Algo já vinha tomando forma desde 2013 e ano após ano chegamos em  2018, ano de eleição, com a mais desastrosa e perigosa onda de falas conservadoras, Essas falas ganharam amplitude e corpo e se personificaram em um homem cujas palavras e ideias atingem os direitos de fala, expressão e vida de muitos que vivem em nosso país. O avançar desse tsunami conservador, ganha corpo e representatividade na figura horrenda de Jair Messias Bolsonaro, e a ameça de um governo presidido por esse homem me fez pensar: Voto ou não voto?. Votar para mim não era uma opção no fazer político, a democracia representativa era simplismente incompatível com minhas ideias libertarias... Mas diante de uma ameça absurda que representava e representa Bolsonaro, tive que  repensar algumas posturas políticas, mesmo que temporariamente. Decidir apoiar um grupo político pode ser "fácil" e até mesmo o segredo para preencher e dar sentido à vida de muita gente. A militancia partidaria... Ocupar os espaços, fortalecer ou ampliar a célula do partido. Ser orgânico e integrar os movimentos sociais com intuito de copitar mais integrantes em nome do fortalecimento do partido... Romantico e nostálgico, lembra as táticas da Igreja no Renascimento e os grupos nascidos na Reforma protestante, lembra a catequese. Lembra também colonização, mas agora convencida por meio de teses de marxistas leninistas, social democratas, progressitas...  Bonito, orgânico, mas nada libertário. Definitivamente não escolhi isso para mim. Mas dentro desse contexto absurdo de um regime de representatividade onde um louco, fascista e perverso tem vez e pode facilmente destruir a árdua construção de nossa frágil democracia. Obviamente e diante do contexto, tive que decidir dolorosamente votar... Entendo que o voto foi uma grande conquista das irmãs sufragistas do passado. Todavia, ainda concordo com Emma Goldman quando diz “se votar fizesse alguma diferença, fariam-no ilegal.”. Defendi e defendo o voto nulo. Entendo que anular em uma eleição é algo significativo e simbólico. Representa descontentamento, insatisfação, o protesto. Mesmo que o nulo não anule uma eleição. Votar nulo não é indiferença ou “tanto faz”, ele pode ser o contrário do que os famintos partidários por votos pensam. O voto no contexto de uma democracia representativa, na verdade, faz pouca diferença. Votamos nas assembleias, nos atos de rua, nas lutas diárias em uma democracia direta e participativa. E é a esse voto que digo: sim. Votamos quando respiramos fundo para ganhar força e voz quando uma injustiça se faz a nossa vista. O voto é escolha, e escolhemos o tempo todo. Em nosso grito, em nosso suor, em nossas lutas, votamos! As mudanças que queremos dificilmente virá de um representante. A mudança que precisamos vem povo, das demandas de vida de um povo. Como diria os meus amigos anarquistas "Acorde todo dia e vote em si mesmo!" Vote com sua comuna, com o seu bairro, com sua federação. A luta e a real mudança só pode vir do poder popular. Mas.. Coloco a pergunta que faço aos meus amigos votantes dos pleitos eleitorais partidários: Como votar em alguém eleito e apoiado pelos grandes capitalistas neoliberais? Como e porquê compactuar com isso? Como se pode se enganar com isso?!  Entretanto e, portanto, nessas eleições de 2018 escolhi votar para presidente.  Votei no intuíto de alterar um quadro que já estava decidido e compartilhado por boa parte dos brasileiros. Votei contra um discurso perigoso e preocupante. Votei contra a perversidade e a loucura,  E esse foi o primeiro ponto que me fez decidir apoiar e estar junto a um grupo que não acredito. Não acredito que Haddad represente mudança, mas sim permanência. E entre a permanência e a loucura que pode levar a um caos incontornável. Votei na permanência. A permanência de um status quo que está a mais de uma década de acórdões com capitalistas neoliberais. Contudo,  representavam ainda a oposição possível para as eleições em Outubro. Diante disso, temporariamente, a certeza de não votar em eleições foi fragmentada. Mas qual certeza não está sujeita a isso? E votar foi uma decisão séria e real. Mesmo que no fundo da minha convição política sobre voto de uma eleição representativa  não fosse mudar em termos estruturais muita coisa. Enfim...


Agora me pergunto: será que as certezas que estabelecemos ao longo da vida são abaladas com as grandes ameaças? Um fascista teria esse poder me convencer a votar contra ele? Sim. Diria mais, um fascista é capaz de muita coisa, e o povo em buscar de se defender é capaz de muito mais. 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Beijos fadados ao fim.



Em meio a pequenos temporais 
Imagem relacionada
buscava uma imensa tempestade.

Quando encontrei, não tive medo. 

Entre fortes trovoadas buscava sua vasta imensidão. 

A força dessa grande tempestade destruiu todos os maus agoros. Houve um belo raiar do dia. E agora a brisa tocava minha face trazendo uma manhã colorida.  A Tempestade... já não existia.  Era primavera florida, vivida e sentida. Face a face, beijo a beijo e o fim.

 Hoje a primavera se foi e o que sobrou foi  só a lembrança rubra dos dias em que eramos imensos e capazes de transformar tempestades em gotas d`água, em manhã florida e em beijos fadados ao fim.  

Imagem: O beijo. 1907. Gustav Klimt.

Verdade?

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A sinceriadade mais assusta do que aproxima. Quando abrimos as portas para a verdade, logo tudo se esvai.
   Como viver sem a verdade? 
    Ilusão. 
   Como viver com ela?
   Solidão.

Imagem: Bocca della Verità, Roma.

As influências astrais em tempos de coronavírus

  Vivemos em uma época de forte descrença nos astros, mas ao mesmo tempo nos divertimos com inúmeras páginas e memes que tornam o saber astr...