quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Juntas somos mais

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Ontem fui surpreendida com um olhar.  Em um espaço normal como supermercado tudo que eu esperava era acabar de fazer o que tinha para fazer ali. Em meio as prateleiras e produtos fui surpreendida com um olhar nada gentil. Recebo esse tipo de olhar de mulheres mais velhas, normalmente. Agora, o que despertou minha atenção é que o olhar vinha de uma moça que tinha cabelos levemente azuis e tatuagens pelo corpo. E esse tipo de estereótipo já me diz: uma moça de boas, feminista, uma das minhas.
Passou, continuei nas compras e eu fiquei pensando naquele olhar agressivo. Poucos minutos depois houve um novo encontro, na secção de doces, eu estava com minha filha e sobrinha e elas insistiam para ganhar um kinder ovo, enquanto isso a moça se aproxima com sua irmã, acho. E disse: - eu não entendo como alguém pode comprar isso para os filhos.  Fixando seu olhar em minha direção. E eu me perguntei? Isso foi para mim?! Se sim? Para que isso! Pensei. E disse: - Mana, eu concordo com você.  E ela saiu sem apresentar nem um sinal de dialogo. Avistei umas duas vezes ainda durante as compras, e seu olha não mais se direcionava ao meu. 
Ao voltar para casa fiquei me perguntando o porquê de tanto ranço no olhar daquela moça. Eu nem a conhecia. Não teria “tomado” um namorado dela. Muitas vezes, mulheres se odeiam por esse absurdo motivo. Sendo assim, fiquei com a pergunta. Por que aquela moça agiu daquela forma? O que há de errado? Talvez ela quisesse me ensinar alguma coisa que ela julgava saber mais. Ou era soberba mesmo.
Passados alguns dias, o acontecimento com a moça ainda ecoava perguntas. Comecei a pensar o quanto nós mulheres estamos tão distantes uma das outras. E que essa casualidade é um exemplo de como não somos empáticas. Estamos a todo tempo armadas para uma competição? Melhor que a rincha sem motivo, seria um sorriso que diz: ei, mana estamos juntas! Não somos uma ameaça, não precisamos competir. Essa lógica de rivalidade é uma prática perversa do passado.  Issso me levou a pensar: Você irmã não é uma ameaça. Ameaça mesmo é a violência contra nós dentro dos lares, ameaça é ser assediada por um chefe, ameaça é a oportunidade retirada. E ainda ameaça é quando o Estado se nega a fazer uma lavagem após um aborto clandestino. Em mundo cheio de ameaças o que nos cabe é reconhecer que estamos em desvantagem. E que mais que nunca precisamos unir e integrar.

O brilho do mundo é nosso. A outra jamais vai tirar teu brilho. Juntas conquistamos mais.  Quando deixaremos de ataques pelo olhar, pela fala, pelos posts?  Compartilha tua voz, teu sorriso, teus braços com aquelas que ao abrir os ouvidos e te ouvir vão sentir perfeitamente o que você está sentindo. Somos irmãs na dor. Desconstruimos essa lógica perversa que desitegraga, compete e separa e passemos mais a cooperar, compartilhar, abraçar e criar redes de apoio e afeto entre nós. 

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