
Ontem fui surpreendida com um olhar. Em um espaço normal como supermercado tudo que eu esperava era acabar de fazer o que tinha para fazer ali. Em meio as prateleiras e produtos fui surpreendida com um olhar nada gentil. Recebo esse tipo de olhar de mulheres mais velhas, normalmente. Agora, o que despertou minha atenção é que o olhar vinha de uma moça que tinha cabelos levemente azuis e tatuagens pelo corpo. E esse tipo de estereótipo já me diz: uma moça de boas, feminista, uma das minhas.
Passou, continuei nas
compras e eu fiquei pensando naquele olhar agressivo. Poucos minutos depois houve um novo encontro, na secção
de doces, eu estava com minha filha e sobrinha e elas insistiam para ganhar um kinder ovo, enquanto isso a moça se
aproxima com sua irmã, acho. E disse: - eu não entendo como alguém pode
comprar isso para os filhos. Fixando seu
olhar em minha direção. E eu me perguntei? Isso foi para mim?! Se sim? Para que isso! Pensei. E disse: - Mana,
eu concordo com você. E ela saiu sem apresentar nem um sinal de dialogo. Avistei umas duas vezes ainda durante as compras, e seu olha não mais se direcionava ao meu.
Ao voltar para casa fiquei me perguntando o porquê
de tanto ranço no olhar daquela moça. Eu nem a conhecia. Não teria “tomado”
um namorado dela. Muitas vezes, mulheres se odeiam por esse absurdo motivo. Sendo assim, fiquei
com a pergunta. Por que aquela moça agiu daquela forma? O que há de errado?
Talvez ela quisesse me ensinar alguma coisa que ela julgava saber mais. Ou era
soberba mesmo.
Passados alguns dias, o acontecimento com a moça
ainda ecoava perguntas. Comecei a pensar o quanto nós mulheres estamos tão
distantes uma das outras. E que essa casualidade é um exemplo de como não somos empáticas.
Estamos a todo tempo armadas para uma competição? Melhor que a rincha sem motivo, seria um sorriso que diz:
ei, mana estamos juntas! Não somos uma ameaça, não precisamos competir. Essa lógica
de rivalidade é uma prática perversa do passado. Issso me levou a pensar: Você irmã não é uma ameaça. Ameaça mesmo é a violência
contra nós dentro dos lares, ameaça é ser assediada por um chefe, ameaça é a oportunidade
retirada. E ainda ameaça é quando o Estado se nega a fazer uma lavagem após um
aborto clandestino. Em mundo cheio de ameaças o que nos cabe é reconhecer que estamos em desvantagem. E que mais que nunca precisamos unir e integrar.
O brilho do mundo é nosso. A outra jamais vai tirar teu brilho. Juntas conquistamos
mais. Quando deixaremos de ataques pelo
olhar, pela fala, pelos posts? Compartilha
tua voz, teu sorriso, teus braços com aquelas que ao abrir os ouvidos e te
ouvir vão sentir perfeitamente o que você está sentindo. Somos irmãs na dor. Desconstruimos essa lógica perversa que desitegraga, compete e separa e passemos mais a cooperar, compartilhar, abraçar e criar redes de apoio e afeto entre nós.
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