Era tarde,
era o final da tarde e o primeiro dos treze havia partido. Agora, quase todo
entardecer lembro-me de sua partida. A notícia de sua morte foi súbita. Em
telefonema choroso recebi a notícia. E um pouco mais tarde um noticiário
anunciou: - Jovem de vinte oito anos e um homem de quarenta anos foram assassinados. Dois homens chegaram de bicicleta e atiraram várias vezes. Nos
primeiros tiros a intenção era matar, nos sucessivos cometer um fuzilamento. Foi o que
pensei e lembrei do mineirinho de Lispector.
Nunca
sabemos quem o matou. Talvez sua falha humana, que encontrou outra já tão
falhada e o fuzilou com toda sombra e maldade. Poderia ser qualquer outro,
tantos outros filhos da falha, garotos sem pai, filhos do desespero. Uma vítima da
escolha ou vítima da conseqüência? Sua pobreza e condição foram suficientes para que
nunca mais se tocasse no assunto. Conclusão do caso: envolvimento com
drogas e nunca mais se fala disso. O envolvimento com drogas era justificativa
suficiente para um veredicto popular: - era um vagabundo criminoso. Ao engolir seus
almoços conseguiam misturar comida e sangue e ouvir as fatídicas noticias de mais
um de tantos jovens óbitos. Sem nenhuma dignidade e divindade julgaram aqueles que almoçavam ao ver o noticiário.
Nesse dia
parei para ouvir o noticiário, sem almoço. Assisti plácido o sangue derramado
no chão, sem tarja e sem censura. Panos cobriam os corpos, pois os inúmeros
tiros não haviam tirado uma, mas duas vidas e o termino de um jogo de
domino.
Entre as flores baratas e as velas brancas percebemos que perdemos, éramos doze. Em seu sepulcro a vida, do mais velho dos primos, havia partido. Eram duas histórias, mas uma única cena. O menino magro, moreno de rosto sujo de poeira e lagrimas, de calção e pés descalços corria na rua de barro vermelho. Na palidez da face de seu pai, via o desespero do menino.
– Papai morreu, papai morreu. O menino em gritos histéricos dizia para si, e para ruela. A cena do seu pai ensanguentado, mesa virada e jogo no chão pouco pairavam em minha memória. Só menino que de tempos e tempos em minha lembrança passava correndo.
Entre as flores baratas e as velas brancas percebemos que perdemos, éramos doze. Em seu sepulcro a vida, do mais velho dos primos, havia partido. Eram duas histórias, mas uma única cena. O menino magro, moreno de rosto sujo de poeira e lagrimas, de calção e pés descalços corria na rua de barro vermelho. Na palidez da face de seu pai, via o desespero do menino.
– Papai morreu, papai morreu. O menino em gritos histéricos dizia para si, e para ruela. A cena do seu pai ensanguentado, mesa virada e jogo no chão pouco pairavam em minha memória. Só menino que de tempos e tempos em minha lembrança passava correndo.
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